“O Nascimento e a Trindade”

Por Sionei Ricardo Leão*

Foto divulgação

O Prêmio Abdias Nascimento realizado no início do mês de novembro, deste ano (2011), pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Rio de Janeiro (Cojira-RJ), simbolizou a união de três conceitos: igualdade racial, política sindical e jornalismo.

Pelas mãos dos membros da Cojira-RJ essa tríade se traduziu num resultado interessante e alvissareiro. Importante salientar que a depender das mãos que se propõem a costurar essas idéias, pode emergir um ogro um uma beldade. 

A sabedoria popular receita que a diferença entre o remédio e o veneno se dá pela dosagem escolhida pelo químico.

Na minha percepção, o que se viu no dia 7 de novembro foi a o resultado de uma empreitada audaciosa, inovadora e bem executada.

A Cojira-RJ com a atividade postula ingresso no clube das entidades que ousam avançar do nível da denúncia e o da reprodução de idéias e comportamentos ao seleto espaço dos que realizam.

Ou melhor, daqueles coletivos que têm auto-estima, coragem e foco suficientes para atravessar essa distância imensa: cruzar a via para andar na calçada dos que assumem riscos a fim de oferecer à sociedade projetos estruturantes. 

Conhecemos as reticências e avaliações negativas que ativistas e organizações de igualdade racial têm feito à grande imprensa brasileira. Isso tem ocorrido muito em razão de coberturas desfavoráveis a duas bandeiras estratégicas para essa militância, ou seja, a política de reserva de vagas para afrodescendentes em instituições de ensino superior (as cotas) e a questão fundiária do segmento quilombola.

O espaço da política sindical dos jornalistas também vinha sendo, em alguma medida, desdenhado por parte dessa mesma militância de igualdade racial. Em alguma medida por se entender que essa vertente, historicamente, foi terreno imberbe e lento para assimilar as demandas da luta anti-racismo.

A abertura de centrais sindicais e suas entidades filiadas, ao tema igualdade racial, convenhamos, é recente. 

Quando se trata do ambiente das redações a desconfiança não é menor. São muitos os editores refratários a pautas que tenham a ver com essa temática. 

É também comum o fenômeno de profissionais de imprensa afrodescendentes que evitam se envolver com essa causa por temerem que a imagem de militante os fragilize na disputa árida para se manter e prosperar na profissão. 

Há também no ambiente sindical do jornalismo uma prática no mínimo surpreendente. Por vezes dos deparamos com discursos e análises depreciativas a profissionais que atuam na grande imprensa, comentários motivados por visões ideológicas.  

Ocorre que ao menos, formalmente, os sindicatos foram criados para defender e não atacar jornalistas, a não ser que incorram em faltas éticas. 

A Cojira-RJ tinha essas e outras variáveis pelo caminho, ao decidir por realizar o Prêmio Abdias Nascimento. 

Para quem teve a oportunidade de assistir a premiação ficou a imagem de que a Cojira-RJ, habilmente, conseguiu dialogar com bom desempenho ante a tantos desafios.

O bom número de inscrições demonstrou que a ideia foi oportuna e tem vocação pela continuidade. A presença de tantos militantes “históricos”  foi outra vertente dessa adesão. 

A Cojira-RJ, igualmente, demonstrou maturidade ao convidar “estrelas” da grande imprensa como a jornalista Glória Maria e a colunista Flávia Oliveira, para ocuparem o palco da premiação.

Tanto Glória quanto Flávia são afrodescendentes que ocupam espaços importantes no jornalismo televisivo, mas que não são militantes “orgânicas” do Movimento Social Negro. A Cojra-RJ não cedeu a apelos sectários. 

Participar desse momento foi um privilégio e um alento por ver no Prêmio Abdias Nascimento o despertar de uma ação política que rompe barreiras e constrói novas etapas da luta pela igualdade racial.

Coincidem as três idéias do início do texto com a militância de três pessoas que são ícones da Cojira-RJ (sem qualquer desdém à importância de outros membros): Angélica Basthi, Miro Nunes e Sandra Martins. 

 *Sionei Ricardo Leão viajou, no dia 7 de novembro, à cidade do Rio de Janeiro, a convite da Cojira-RJ, para assistir a solenidade de entrega do Prêmio Abdias Nascimento.

Membros da Cojira-Df publicam ensaio na Revista da ABPN

O ensaio publicado por André Ricardo, Juliana Nunes e Sionei Leão, na Revistada ABPN v. 2, n. 4 • mar. 2011 – jun. 2011 • p. 223-228, faz uma análise sobre a trajetória do jornalismo brasileiro no que se refere à participação de profissionais afrodescendentes em vários momentos, a fim de demonstrar que negros participam dessa área do conhecimento desde o despertar da imprensa profissional brasileira. O artigo também faz reflexões a respeito das barreiras que comunidades quilombolas têm no acesso a instrumentos de comunicação, a exemplo, das rádios comunitárias. O texto resulta de tese elaborada para o Congresso dos Jornalistas Profissionais, realizado em 2008, em São Paulo.

Para ler clique aqui ou acesso o site da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), www.abpn.org.br

DF anuncia plano para incluir a História da África na grade de 2012

O anúncio ocorrerá na solenidade de abertura da Discussão: o alcance da Lei 10.639 no ambiente da LDB, no dia 14 de dezembro, a partir das 8 horas, no auditório da Camara Legislativa do Distrito Federal. 

A Secretaria da Educação do Distrito Federal anunciará na próxima quarta-feira, a Orientação Pedagógica (OP) para o ensino de História da África na grade curricular das escolas da rede pública. É a primeira vez que um membro da União lança mão desse dispositivo para obedecer a Lei 10.639, que essa disciplina seja lecionada nos níveis Básico e Médio de escolarização.

A Lei 10.639 foi decretada em 2003, mas oito anos depois ainda não foi cumprida em nenhum dos 27 Estados. O movimento social negro entende  que a aplicação dessa lei é essencial para o enfrentamento ao racismo e na mudança das relações etnicorracias no Brasil.

A adoção dessa OP é uma das etapas de expansão das políticas públicas de ações afirmativas planejadas pelo Governo do Distrito Federal – GDF, para inclusão da população afrodescendente nos serviços educacionais oferecidos em Brasília e cidades satélites da capital do país. Além dos aspectos social e academico, a OP para o ensino da História da África representa o fortalecimento institucional da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal – SEPIRDF e a Subsecretaria de Educação Integral, Cidadania, Direitos Humanos e Diversidade da Secretaria da Educação – SEDF.

O anúncio e o mecanismo de funcionamento da OP ocorrerá na solenidade de abertura da Discussão: o alcance da Lei 10.639 no ambiente da LDB, no dia 14 de dezembro, a partir das 8 horas, no auditório da Camara Legislativa do Distrito Federal. A atividade será seguida da palestra: A implantação da Lei 10.639, pela professora Renisia Garcia, da Universidade de Brasília – UnB.

Fonte: Ascom SEPIRDF

Domingo é dia de Zumbi

Pela sexta vez, desde que foi instituido como Dia da Consciência Negra em 1971, a reverência a Zumbi dos Palmares acontecerá em um domingo.
Nesta quadragésima homenagem, as populações afrodescendentes do Planalto Central celebrarão os 316 anos de morte do herói negro em seis cidades satélites do Distrito Federal: Brazlandia, Ceilandia, Paronoá, São Sebastião e Sobradinho.

As atrações vão desde manifestações de comunidades tradicionais de terreiro e religiões de matriz africanas até atividades de esportes radicais como skate e programações tecno inspiradas nas festas blacks.

A comissão organizadora da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal – SEPIRDF estima que cerca de 20 mil pessoas transitem por tendas temáticas e áreas reservadas a shows musicais.

Locais: Ceilândia, Ginasio Desportivo de Ceilândia, Centro Cultural

Fonte: Sepir DF

Caderno de Pautas é tema na Rádio Nacional nesta segunda (21/11)

O Programa Espaço Arte, da Rádio Nacional, terá por pauta na próxima segunda-feira, às 17 horas, a repercussão do projeto “16 Ideias” – Caderno de Pautas e Fontes, elaborado pelos membros da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF).
O entrevistado será o jornalista Sionei Ricardo Leão, coordenador da Cojira-DF.
Em razão das comemorações do mês da consciência negra, celebrado em novembro, a Cojira-DF decidiu por elaborar e divulgar o Caderno de Pautas e Fontes “16 Ideias”, com o intuito de fomentar, subsidiar e instigar coberturas jornalísticas que digam respeito ao tema igualdade racial.
O produto contém 16 propostas de pautas e sugestões de nomes a serem entrevistados pelos jornalistas. Em todos os casos, o foco é a temática da igualdade racial. Há conteúdos na área da cultura, direitos humanos, internacional, esporte, educação, economia, mercado de trabalho e linguística.
O programa pode ser sintonizado na Rádio Nacional AM-980 ou pelo site da EBC, http://www.ebc.com.br.

Artigo: A metamorfose de militantes negros em negros intelectuais

A metamorfose de militantes negros em negros intelectuais
Por Sales Augusto dos Santos
O artigo sustenta o surgimento de nova categoria de intelectuais no Brasil, os negros intelectuais. Estes são os intelectuais de origem ou ascendência negra que sofreram ou sofrem influência direta ou indireta dos movimentos sociais negros, adquirindo ou incorporando destes uma ética da convicção antirracismo que, associada e em interação com o conhecimento acadêmico-científico adquirido dos programas de pós-graduação de universidades, produz nestes intelectuais um ethos acadêmico ativo que orienta as suas pesquisas, estudos, ações, bem como as suas atividades profissionais de professores universitários. São utilizadas algumas informações e/ou dados de pesquisas qualitativa e quantitativa realizadas com alguns diretores e ex-diretores da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros para dar suporte aos argumentos.

Jornalista lança livro sobre o discurso da imprensa sobre a política de cotas para negros

O Senado lançou na última quinta-feira (27/10), como parte da Semana de Comemoração do Dia do Servidor Público o livro “A polêmica construída – racismo e discurso da imprensa sobre a política de cotas para negros”.

O lançamento tornou-se possível em razão do programa de seleção e publicação de teses, dissertações e trabalhos acadêmicos de servidores da Casa selecionados por concurso. O livro é a tese de doutoramento em linguística pela Universidade de Brasília de André Ricardo Nunes Martins, jornalista da TV Senado e membro da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, Cojira-DF.

A pesquisa analisou o debate na imprensa sobre a política de cotas em textos de três jornais diários entre os anos de 2002 e 2003. A análise mostra o impasse sobre a ampliação da democratização na sociedade brasileira vista pela perspectiva do enfrentamento das desigualdades raciais.


Serviço:  
A polêmica construída – racismo e discurso da imprensa sobre a política de cotas para negros
Preço: R$ 10,00
Como comprar: www.senado.gov.br/livraria